
Mal sentou na cadeira da elétrica presidência do Senado, Garibaldo deixou a Vila Sésamo às pressas para atender diligentemente ao chamado urgente do senhor que mora por perto e que "desejava cumprimentá-lo". Foi fácil deixar o quintal do Palácio e chegar à sala do trono. Bastou sair pelos fundos para dizer que tinha entrado no lugar de Renan Calheiros pela porta da frente. De qualquer forma, o novo presidente saiu-se bem e a contento na sua estréia como dono da cadeira presidencial. Levou com enorme fairplay uma das mais tensas reuniões da Casa Grande & Senzala.
- TRISTEZA - A que triste e lamentável ponto chegou a palavra do presidente da República. Foi preciso um documento assinado e carimbado no cartório do céu, para tentar que acreditassem na promessa de que a arrecadação do imposto do achaque ao cheque seria integralmente devotada à saúde. Nem os políticos - que são os políticos - acreditaram.
- NEM ASSIM - Dessa vez não foi carta branca. Os senadores não acreditaram na palavra de Lula nem mesmo escrita. Mataram e sepultaram a CPMF. Em compensação, deixaram a DRU que vai arrebanhar em bom tempo mais de R$ 80 bilhões. Esse dinheiro sai de todos para pagar banqueiros e juros da dívida pública feita pelos governantes.
- VIRADA DE MESA - Evocando os riscos do que poderia ser "uma vitória de Pirro", o vetusto e venerando senador Pedro Simon quase virou a mesa no último minuto de vida do imposto de achaque ao cheque: "Faço um apelo: vamos deixar a votação para amanhã. Precisamos de tempo para ler melhor e estudar com a devida atenção a carta de Lula". O documento tinha meia página.
- VIRA CASACA - Na verdade, o apelo de Simon não foi para estudar nem analisar o diminuto e atrasado documento; era um convite para virar a mesa e a casaca.
- FAZ SENTIDO - A proposta de Pedro Simon fazia sentido: afinal ler e entender uma carta de Lula escrita às pressas não deve ser tarefa fácil.
- ZONA DE GUERRA - Se o Congresso Nacional ficasse na fronteira e não no Planalto Central, o intrépido Pedro Simon teria provocado um sério incidente diplomático. Em caso de guerra ficaria na trincheira. Como faz bem para os mais velhos e tão mais cautelosos quanto menos ousados. Ainda bem que a Casa tem vocação para tolerância, pois quase virou zona.
- SEM SOMBRA - Sempre que fizerem pesquisa para saber se estão gostando do governo Lula, vão dizer que não há nada nem ninguém melhor do que ele para governar o Brasil. E é verdade. Não será com Serras nem com Neves que a oposição vai fazer chover. De mais a mais, todo brasileiro gostaria de ser Lula, nem que fosse por um só dia na vida. Dava para encher as burras, relaxar e gozar com sombra e água fresca. Quem sabe até criar umas cabecinhas de gado; plantar laranjas; implantar rádios, jornais e uma TVezinha pública lá que outra.
- A DIFERENÇA - Os R$ 41 bilhões da CPMF – o imposto do achaque ao cheque – é que aumentavam a diferença entre os ricos e os pobres no Brasil. Com os R$ 41 bilhões que sairiam das mãos da sociedade este ano, o governo gastaria aos borbotões e manteria sua fábrica de bolsas e esmolas para quem nunca vai chegar nem perto dos oligarcas.
- UNS & OUTROS - Lula fala contra as elites, mas seu governo é que tem oligarcas.
- DESVOTADO - O desvotado Wellington Salgado, reserva de Hélio Costa e tropeiro do rebanho oficial, diz que a Casa “está difícil de entender”. Está mesmo. Como é que um político chega a senador da República sem um único e triste voto?!? É mesmo muito difícil de entender.
- MÁQUINA SAUDÁVEL - O governo arrebanhou, só neste ano, R$ 30 bilhões. Pergunte quanto gastou com cada um dos seus 38 ministérios.
- DESVIO FATAL - Em 11 anos de vida, a CPMF - o imposto do achaque ao cheque arrecadou R$ 258 bilhões. E a saúde é isso que aí está: o brasileiro morre de câncer, de parto demorado, de gripe mal curada; morre de SUS à porta dos hospitais.
- DANÇARINO - Sem a CPMF, só para não se desmentir, Genro – o Tarso da Justiça de Lula vai ter que rebolar.
- EM BOAS MÃOS - Os R$ 41 bilhões do imposto do cheque ficam agora com a sociedade e não com o governo. Estão nas melhores mãos. O povo compra o que pode; o governo gasta o que não deve.
- RECUPERAÇÃO - Se transformar metade dos seus 38 ministérios em secretarias de poucos aspones, o governo Lula recupera num instantinho bem mais que os R$ 41 bilhões que acaba de perder.
- ALTERNATIVAS - Não se iluda, José Múcio, ministro das Relações Institucionais, já ameaçou: "O governo vai ter que buscar alternativas imediatas para compensar a perda de R$ 41 bilhões". Não fala que o melhor de todos os remédios e um bom regime de corte nos gastos astronômicos do governo.
- PRESIDENTE OCULTO - Depois de revelada a sociedade oculta de Renan o povo descobre: Adib Jatene foi, esse tempo todo, o presidente oculto do Brasil.
- OUTRO DIA - Quem diria que Chico Buarque um dia, olhando Lula nos olhos, cantaria "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..."!?!
- TRAPALHÕES - Nem Berzoini, comandando os aloprados do Dossiê Tucano, faria melhor nesse episódio da CPMF: nuncanessepaís os aliados foram tão trapalhões.
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